segunda-feira, junho 13, 2005

No meio está a virtude?

É verdade, das 40 semanas e 3 dias que estarei em Angola (23 de Janeiro a 1 de Novembro) passaram 20 semanas e 1 dia e meio, por isso, estou matematicamente a meio da minha estadia em Angola. Creio que é uma boa altura para fazer um balanço intercalar. A nível global, de 0 a 20, leva um... 12! Para alguns pode parecer muito, para outros pouco, mas cada um sabe de si.
Para começar bem, vou enumerar os pesos que estão do lado positivo da balança:


- Experiência pessoal - sem dúvida esta é a maior vantagem. Desenrascar-me (e bem!) praticamente sozinho num país completamente diferente daqueles onde vivi e com os problemas que Angola tem, é sem dúvida uma lição de vida que ficará bem aprendida.


- Experiência profissional - tenho aprendido imenso, já que estou a trabalhar em áreas que ainda não tinha abordado e todos os colegas de trabalho têm sido fantásticos.


- Experiência humana - aqui sim tenho um contacto permanente com o lado mais básico da vida: sobrevivência, morte, luta, meio, alegria, doença estão por todo o lado. Aprendi a compreendê-los e respeitá-los.


- Amizades - fiz e continuo a fazer muitos e bons amigos em Angola. É o resultado natural de haver tantos "desterrados" em Luanda. Para não se sentirem sós, as pessoas juntam-se e dão-se a conhecer de uma forma muito espontânea em convívios muito agradáveis


Agora a parte do maldizer:
- Luanda - no geral é uma cidade difícil para viver. A violência, a miséria, o trânsito, a falta de infra-estruturas, as doenças, a falta de ética, a corrupção, a sujidade levam qualquer um ao desespero pelo menos uma vez por semana! Poderia dizer que se fosse tudo dado e fácil não aprenderia tanto, mas esta lição às vezes sai cara.


- Distância - internet, praticamente não existe e a viagem tem um preço proibitivo. Amigos, família, namorada, tudo ficou lá, longe. Para mim, que estou habituado a estar sempre acompanhado, está a ser difícil limitar os contactos com pessoas tão importantes na minha vida a alguns telefonemas esporádicos, e mesmo esses às vezes funcionam mal.


- Casa - acreditem ou não, mas só hoje me vou mudar definitivamente para a minha casa. Depois conto a história toda. O que interessa aqui referir é o quão desgastante foi todo o processo da procura de casa. Por causa disso desesperei e estive mesmo no limite de desistir de tudo, mas felizmente depois de mais de 30 casas vistas e 2 meses e meio de procura encontrei solução.


- ICEP - uma desilusão. Em termos de apoio em Angola, foi praticamente zero, nicles, rien, niente, nichts, nada, algo que é completamente inconcebível para este país, mas todos sabemos que o programa Contacto é uma roleta e as guerras internas do ICEP estão fora do meu alcance.
Hoje é assim, noutro dia seria diferente, mas não muito.


Beijinhos e abraços.

Pedro


PS - e esse Sto António, que tal esteve?