quarta-feira, junho 28, 2006

Em Portugal

Neste dias estou de regresso a Portugal. Trabalho agora num pequeno gabinete de projecto em Lisboa e muito na minha vida mudou. As experiências vividas durante os nove meses que estive me Angola tornaram-me um eterno contador de histórias e não há duvidas que principalmente a nivel pessoal aprendi imenso. Obrigado Angola!


Mais aventuras virão, mas creio que o importante é enfrentar cada dia com alegria e retirar o que melhor existe de todos os momentos, pessoas e locais da nossa vida, todos os dias.

terça-feira, outubro 11, 2005

Benfica e Cinema

Pois, eu sei que tinha quase que jurado que o post anterior seria o último, mas acontecimentos recentes obrigam a mais um ralato. São só dois acontecimentos que ocorreram no Domingo: mercado de Benfica e cinema.


O mercado de Benfica fica a cerca de 20km a Sul do centro de Luanda e é sem dúvida o maior centro de artesanato nacional. É um mercado ao ar livre com inúmero artesãos e comerciantes de artefactos novos e antigos. Há alguns meses já lá tinha ido, mas prometi voltar para comprar os últimos "recuerdos" antes de regressar a Portugal. É um mercado sempre cheio de gente, obviamente com imensos turistas, e aqui fazem-se três tipos de preço, preço para americano (tudo caro), preço para branco (acessível, mas ainda custa a dar) e preço para tuga (saldos). Eu incluo-me nesta ultima categoria, porque simplesmente nós, tugas, temos uma infinita paciência para regatear. O resultado final foi: uma estátua representante da "maternidade", uma máscara fúnebre da tribo Tchokoé, um colar de jade e uma figura humana usada em festividades no Norte do país. O dinheiro que gastei equivale a pouco mais de 3 jantares em Luanda, com a diferença que um jantar dura umas horas enquanto estas peças darão uma vida. Tentei sempre procurar peças o menos "kitch" e mais antigas possível, mas isso tem um preço. Fugi do marfim (infelizmente ainda há quem compre) e dos célebres "pensadores" que toda a gente compra. Um conselho, quando lá forem, vão à tenda do Bernardo que é super simpático, tem óptimas peças e troca qualquer peça por um par de ténis, ou um telemóvel mesmo que usados!


Cinema. No sentido literal, "um filme". A película em exibição chamava-se "Kung-fu Hustel", o slogan era "So many bad guys, so little time" e era falado em chinês e legendado em brasileiro. Se já nos filmes normais, em cada cena de pancada ou beijos o cinema vai ao rubro com palmas, assobios e comentários gritados bem alto, neste filme, que se introduz na categoria de "porrada de meia-noite" ao longo de todo o filme o barulho era quase ensurdecedor. Sempre que aparecia um novo herói para desmembrar outros 30 mauzões, era uma salva de palmas. A cena romântica foi acompanhada de alguns dos comentários mais divertidos que existem. O cinema é apenas composto por uma tela e uma cobertura logo há jardins em vez de paredes laterais, o que torna a experiência mais arejada. A dimensão da sala é à antiga, cerca de 2.000 lugares. Agora imaginem a barulheira!
Os comentários mais ouvidos foram:
"Cuidado, está atrás de ti"
"Esse gajo dá porrrada"
"Tenho um primo que luta assim"
"Yaaaaaaaa"
"Olha! Como no Benfica!" (Benfica é uma zona em Luanda com bastantes bandidos e tiroteios. Este comentário surgiu quando os mauzões sacam de 50 kalashnikoves para tentarem liquidar o herói)


Tinha de contar estas.

Já estou a fazer as malas, e a organizar a minha vida para regressar para Portugal. 5ª feira à noite faço um mega-jantar no Trinca Espinhas com o lema "Adeus Angola, Olá paraíso!" para me despedir em beleza de Angola.

Abraços e beijinhos.

Pedro

quarta-feira, outubro 05, 2005

Últimos dias

Hoje pediram-me para colocar um post, já que há muito que não dou notícias. Mas há pouco para contar. Sem dúvida continuo completamente absorvido pela ideia de que dentro de poucos dias estarei de regresso a Portugal. É impressionante como por vezes parece faltar ainda um tempão, mas faltam apenas 9 dias, quando já passaram quase 9 meses...

Reparo que ando mais assustadiço. Estou permanentemente com medo que algo me aconteça que venha a alterar os meus planos de regresso para Portugal. Se até agora tudo correu bem, assim há de continuar, mas por vezes, quando se está de partida, acontecem as coisas piores e... não não não, tenho de pensar "positivo"! Vai correr tudo bem (ou não...). Ai mãe!

De resto tenho feito uns serões bastante calmos em casa, com muito Sudoku e Lusomundo Premium.

Fui recentemente conhecer duas praias, por sinal muito bonitas: Barra do Dande e Quilometro 42. Ao fim-de-semana é a estragação habitual, mas para compensar os excessos tenho ido correr com o meu amigo Zé Pedro para a marginal. Começámos por aguentar dar apenas uma volta, agora já vamos em quase 4!

Vou começar a fazer as malas, comprar os ultimos "recuerdos" e organizar o festão de despedida. Será dia 13, na véspera, assim ao menos durmo no avião!

Abraços e beijinhos.

Pedro

terça-feira, setembro 20, 2005

A chegada

Notícia de primeiríssima mão! O meu regresso a 14 de Outubro está confirmadíssimo! Chego por volta das 18h a Lisboa. Agora é começar a fazer as malas e contar os dias que faltam! Infelizmente a ansiedade tem essa mística capacidade de dilatar os dias e as semanas, fazendo parecer que cada dia tem 36 horas e as semanas 15 dias.

Cá por Luanda acabei de ter um fim-de-semana bastante problemático: sem água, sem luz e sem carro. A parte cómica é que o capítulo "sem carro" deve-se ao facto de ter ficado sem travões. Mesmo assim, com muita calma, perícia, fé em Deus Nosso Senhor e trabalho de caixa, consegui chegar hoje de manhã ao trabalho. A parte não cómica (falta de água e luz) foi geral para quase todos os habitantes de Luanda que assim passaram o feriado de 17 de Setembro (dia do herói nacional Dr. Agostinho Neto) às escuras e a cheirar a sovaco.

Os programas das festas serão divulgados assim que tiver os festões organizados.

Abraços e beijinhos.
Pedro

segunda-feira, setembro 05, 2005

The Final Coutdown

Isto não é uma regressão nos meus gostos musicais musical, mas sim o pensamento que assambarcou os meus pensamentos desde a semana passada. A data do meu regresso ao ninho ainda não está precisamente definida, mas andará entre 14 e 21 de Outubro. Já só penso nas pessoas que quero ver quando regressar a Portugal, no que vou trabalhar quando regressar a Portugal, as viagens que vou fazer quando regressar a Portugal, as festas que vou organizar quando regressar a Portugal, os sítios que quero visitar quando chegar a Portugal, como TUDO VAI SER QUANDO FINALMEEEENTE CHEGAR A POOOORRRTUUUUGAAAAAAAL!


Sim, é um caso quase clínico, estou um saudosista/visionário de primeira. Este fim-de-semana um grande amigo meu, Luís Caçador, casou-se e tive uma pena tremenda de não ter participado na cerimónia e festa, mas hei de me redimir! Todos os que lerem este artigo estão obrigados a reservar pelo menos um fim-de-semana para um festão algures em Portugal durante o mês de Novembro!


Os planos e as coisas maravilhosas que irei fazer invadem o meu pensamento a cada instante do dia, principalmente nestes últimos tempos em que não tenho tido muito mais em mente. Na COBA está tudo de férias, então sou rei e senhor de... mim próprio e 4 computadores, o que já é bom. O trabalho mais técnico foi substituído por uma infinidade de pequenos assuntos que é necessário tratar para gestão corrente da sucursal: impostos, contactos com clientes, arranjos dos carros, backups da informação existente nos computadores, marcação de viagens, enfim, tornei-me num verdadeiro homem dos 17 instrumentos. É interessante, já que entro em contacto com actividades diferentes que me ajudam a perceber os pormenores de como esta grande máquina que é a uma consultora internacional funciona (até fiquei a saber que os carros possuem um amortecedor só para esticar a correia do motor, hein!?).


Em breve este meu reinado irá acabar já que os verdadeiros "quadros superiores" chegarão no fim da semana. Até lá devo ir até ao Wacu Cungo ver como estão a decorrer os trabalhos na reabilitação do sistema de drenagem, mais uma viagenzita à província.


Abraços e beijinhos.

quarta-feira, agosto 10, 2005

26+1=27

Fiz 27 anos, isto quer dizer, completei 27 anos de vida, 9860 dias. São muitos. Tenho sorte.

Na 3ª tive direito a festinha em casa com aproximadamente 15 amigos. Bem agradável, relax, tudo na conversa. Quem me conhece sabe que não consumo ligar muito ao meu aniversário, já que a data em que ocorre muitas vezes calha no meio de férias, viagens e outras situações em que estou sozinho ou longe de casa. Este ano foi bem bom.

Obrigado a todos os que apareceram na festa, aos que ligaram, enviaram SMS, aos meus colegas do técnico que me enviaram um cartão muito giro, aos meu padrinhos que ligaram de longe e a aqueles que simplesmente que se lembraram um pouco de mim nesse dia.

Abraços e beijinhos
Pedro (um ano mais velho)

sexta-feira, agosto 05, 2005

Wacu Cungo

Mais uma viagem de trabalho para fora de Luanda, mais precisamente ao Wacu Cungo, na província do Kwanz Sul. Ao contrário das restantes, esta foi mais "europeia" já que viajei em aeronave fretada pela empresa, só um dia, tive direito a almoçarada e fui tratado como um "Xôr Engenheiro Muito Importante" pelo nosso cliente, quando no fundo ainda sou um caloiro nestas coisas, mas chiiiiiiu, não digam nada a ninguém!


O objectivo da viagem foi acompanhar um projecto de reabilitação do sistema de drenagem de um vale enorme, antigamente conhecido como Cela ou "Bacia leiteira". Em tempos foi uma zona que abasteceu de lacticínios, legumes e cereais parte do país. Com a independência toda manutenção das infra-estruturas e exploração dos recursos foi abandonada logo os rios estão completamente assoreados, cheios de vegetação e várias pontes e barragens destruídas. Como seria de prever, na época das chuvas, todo o vale transforma-se numa enorme piscina com cobras e hipopótamos! Estamos lá para ajudar a mudar isso. A reabilitação do sistema de drenagem é apenas uma pontinha daquilo que se está a fazer. Está-se a intervir ao nível da construção de habitações, igrejas, escolas e estradas, ensino, infra-estruturas, reactivação da agricultura e pecuária. Enfim, uma coisa em grande, trabalhada ao pormenor por gente que sabe.


Para reforçar o sentimento "Bamo lá cambada" um perito Sul-africano disse que "o antigo sistema de drenagem implementado pelos portugueses é óptimo e basta reabilitá-lo, não é preciso alterar nada", e isto foi construído há 50 anos. Viva nós!


O empreiteiro é Israelita o que permitiu ter contacto com mais uma forma de estar na vida e no trabalho. Reforcei a ideia que tinha de que este povo é, apesar de fortemente americanizado, muito simpático, tecnicamente competente e organizado. Malta fixe. "Shalom" para todos eles!

terça-feira, agosto 02, 2005

Devagar se chega a........ N'Dalatando

(este é gigante!)


6h30 para fazer 240km. Grande parte do percurso feito em "picada", nome localmente dado a qualquer estrada que não seja asfaltada e por consequência rebenta com os amortecedores dos jipes e com as cruzes do condutor. Esta é a principal lembrança que levo da viagem feita a N'Dalatando, a "Cidade Jardim", capital da província do Kwanza Norte, no tempo colonial chamada Salazar (!). O objectivo foi recolher dados para o projecto de execução de abastecimento de água à cidade. A máquina que nos levou até lá foi a pick-up Ssang Yong Musso da COBA, que nem sabemos como conseguiu ir e voltar. A verdade é que chegou a Luanda castanha em vez de branca, cheia de riscos, com 200kg de solos na bagageira e com um monte chiadeiras e tremelicos novos! Tive como companheiros de viagem André Nicolau da COBA e Pedro Zeferino, um simpático experimentador do LEA (Laboratório de Engenharia de Angola) que seria o responsável pela recolha de amostras de solos.


O alojamento, para não variar com o das outras províncias, foi caríssimo e sem condições nenhumas: 40USD para um quarto sem WC privativo, cheio de mosquitos, janelas sem trancas e sem água corrente (sim, banho com canequinho de novo!). O pequeno-almoço no primeiro dia não foi servido e no segundo prendaram-nos com pão duro, café solúvel e leite em pó. O melhor pormenor foi ter no quarto uma TV e dois candeeiros de cabeceira mas não ter nenhuma ficha eléctrica onde os pudesse ligar...


Logo à chegada fomos fazer um reconhecimento da cidade e tirar umas primeiras fotografias. Mais uma vez se confirmou que nas províncias o povo não tem nada a ver com o de Luanda. É muito mais simpático e prestável mas por outro lado não está habituado a ver brancos. Chegámos mesmo a encontrar um grupo de 3 miúdos de aproximadamente 5 anos que ficaram a olhar para nós como se fossemos fantasmas. A mãe explicou rapidamente: "É que nunca viram branco! Só na Televisão." Lindo. Ao longo da estadia de 3 dias compreendi o espanto das crianças: para além de mim e do André só vimos mais 3 brancos, isto numa cidade com 90.000 habitantes.


O centro cidade, apesar de humilde, guarda o traço colonial português com casas e edifícios públicos de uma arquitectura fenomenal. Mesmo casas unifamiliares têm pormenores que deixam qualquer um rendido. Um dos antigos pontos notáveis da cidade, as piscinas, estão abandonadas no ponto mais alto da cidade, tendo uma vista deliciosa sobre toda a cidade, montanhas circundantes e ruínas que recordam o tempo em que aquele lugar era o "ponto de charme" da região. Devido à guerra as populações dos meios rurais concentraram-se nas cidades, e N'Dalatando não foi excepção. Mais de 80% da população mora num mar de Muceques com paredes de tijolo de barro e tecto em chapa zincada que também fazem parte da vista.


A necessidade de fazer escavações para recolher amostras de solos e a inexistência de retroescavadora na região obrigou-nos a recrutar mão-de-obra local para trabalhar à moda antiga: catana, pá e picareta. A equipa recolhida foram quatro jovens lavadores de carros. No início, devido à negociação do preço do serviço (abertura de 6 poços com 2m de profundidade), as relações estavam crispadas, mas ao final do dia já éramos "manos, primos, tios, pais" deles. Esta rapaziada, com idades entre os 17 e os 25 anos, para além de trabalhadores empenhados revelaram ter uma lucidez notável sobre a vida e a situação do país. Falámos de tudo, sem medos, apesar de no encontraremos no meio da selva e no início o mais velho lembrar que "o capim também ouve"! Todos tinham o 7º ou 8ºano de escolaridade, alguns já tinham mulher e filhos e estavam desejosos de ter um emprego diferente da lavagem de carros. Como eles disseram: "Um angolano não rouba, desenrasca". Tinham noção que o crime não compensa e que para comer é preciso trabalhar, nem que isso signifique cavar durante um dia inteiro ao Sol. Não pensem que abusámos deles, porque o trabalho foi bem remunerado, aliás, muito bem remunerado. Num dia ganharam o que normalmente ganham numa semana.


Ah! Sim, eu desafiei mais uma vez a morte! Agora rio-me mas na altura fiquei branco (ainda mais). Uma das zonas onde tínhamos de recolher amostras de solos era no meio da cidade, num baldio próximo das antigas piscinas. Andei por lá às voltas a explicar aos escavadores onde deveriam trabalhar. Mais tarde soube que aqueles buracos alongados não eram antigos canais de água mas sim trincheiras, que durante a escavação encontraram um obus não rebentado e que aquela zona toda era... um campo minado e desta vez não ia ninguém à minha frente a "abrir caminho". Nunca imaginei que no meio da cidade houvesse minas, mas em N'Dalatando "elas há"! Já ao longo da viagem caminho me tinha deparado imensas vezes com fitas vermelhas presas no capim. Mais tarde soube que serviam para assinalar... minas! Elas também deixaram marcas nas estradas: enorme crateras, tanques e carros blindados destruídos ao longo da estrada.


Durante a estadia cunhemos o Tchuchu. Um menino de 6 anos que tinha a extraordinária capacidade de aparecer em qualquer ponta da cidade 10 minutos depois de lá teremos chegado. Sempre que aparecia pedia "dinheiro pós cadénus e pa pêch". Para além de o prendaremos com o seu primeiro passeio de carro, no final oferecemos-lhe cadernos e uma caneta. Queríamos comprar-lhe uma cadeira para ele levar para a escola, mas o stock na cidade estava acabado.


A viagem de regresso fez-se pelo mesmo caminho mas foi mais interessante. Parámos em algumas localidades, tendo mesmo comprado fruta numa delas. Quiseram vender-me uma papaia óptima, jindungo e um fruto local por 50Kz (0,50€), mas senti-me na obrigação de dar pelo menos 100Kz. O que é notável é que estávamos no meio da selva, a 100km de uma cidade, e qualquer pessoa com quem falássemos, mesmo que só estivesse vestida com uma tanga e uma catana, falava PORTUGUÊS! E bem! O cúmulo da influência lusa foi o nosso almoço. Parámos no meio da picada, na selva, em Angola, África e o menu foi carcaça com atum Ramirez, salsichas Nobre e água do Caramulo!


Vimos macacos e cruzamo-nos com uma macumba bastante sádica: uma cabeça de macaco virada para a selva, espetada num pau. Não sei para que serve, mas pelo menos nós brancos fugimos a correr. Nisso resulta!


Assim foi mais uma aventura. Já tenho fotos, vão ver!
Abraços e beijinhos.
Pedro

quinta-feira, julho 28, 2005

Bamos lá cambada!

Depois de falar com algumas pessoas que estão a morar em Portugal e ler jornais e revistas, fiquei com a opinião que o português está, não triste, não contente, mas satisfeito. Satisfeito por finalmente se deparar, com frequência diária, com estudos, estatísticas, discursos e notícias que fundamentam aquele maldizer que tanto gostamos de usar contra o nosso país, Portugal. É fantástico, dizer mal de nós próprios dá-nos gozo e até demonstra intelecto!

A questão é que eu estou fora. Estou fora do país e fora dessa linha passiva-auto-destrutiva. Porquê? Porque estou a morar num lugar onde durante muitos anos Portugal esteve presente e só fez do melhor e onde as melhores técnicas e ideias foram postas em prática. Sim, obviamente a descolonização foi mal feita, sim cometemos atrocidades, mas fizemos e fazemos muitas coisas boas, senão óptimas! A minha formação profissional faz-me reparar principalmente nos edifícios e infra-estruturas. Venham a Luanda ou qualquer outra cidade de Angola e vejam o que se fez. São prédios e casas com mais de 30 anos, em que não houve nenhuma conservação mas que continuam funcionais e bonitos. A arquitectura deles? Um amigo meu diria: "uma ternura"! Pormenores deliciosos, com classe e altamente modernos. E esta heim? E fomos nós que fizemos isto. Não são glórias passadas, foram os nossos pais. Numa geração nada se perde, só se transforma. A capacidade de fazer bem está dentro de nós, só nos falta é algum empreendorismo e mais amor-próprio.

Se pensam que Portugal é corrupto, atrasado, provinciano, deveriam talvez lembrar-se que sim, temos outros países à nossa frente, mas muitos mas muitos mais estão atrás. Sabem de quem está à nossa frente? Vejam as estatísticas, estamos atrás dos brilhantes, dos marrões: G8 e da UE. São pouco mais de 20 países que estão à nossa frente em 150... De zero a 20, Portugal leva um 17. Nada mal né? Claro que devemos sempre aspirar ao 20, mas desde sempre, em tudo, habituei-ma a ser ambicioso, tentar alcançar o lugar de topo, mas sem nunca pôr em causa a minha integridade pessoal, a minha alegria ou amor-próprio. De resto, todos sabemos que os marrões nunca se divertem e que são uma seca. Preferiam ser ingleses e ter sempre chuva, ser japoneses e ter uma semana de férias por ano, ser americanos estar em guerra para odiados pelo mundo inteiro, ser noruegueses e não ver o Sol durante 3 meses, ser alemães e só comer salsichas com batatas?

Conheço muitos países, tenho várias nacionalidades e digo que Portugal é para mim o melhor país para morar e viver! Eu já estou convencido, agora vamos trabalhar e convencer os pessimistas.

"Bamos lá cambada, todos à molhada, que o melhor é PORTUGAL!"

sábado, julho 02, 2005

Update

Viva. Desta vez é só um update. Estou vivo, não aconteceu nada de fenomenal, terrível, escandaloso, revoltante ou fora do normal.

A casa nova lá está, bastante agradável, principalmente com o contributo da empregada que contratámos, chamada Clementina. Uma moça nova, bastante eficiente e divertida. A Alice esteve em Portugal nas últimas duas semanas, então tenho estado sozinho por casa. Infelizmente o f#%&@* do senhorio ainda não fez algumas obras que tinha prometido fazer, como montar um tanque de água (o que me leva a estar a sofrer cortes de água com alguma frequência) e fazer uns outros arranjos cosméticos à casa, que deveriam ter sido feitos há muito. O senhorio não me atende o telefone. Estou a pensar fazer-lhe uma visitinha ao local de trabalho....

Em relação a trabalho, nas últimas duas semanas estive a acompanhar de manhã à noite uma equipa de peritos de Portugal e Moçambique que está cá a fazer um estudo económico-financeiro-ambiental para uma estrada que será reabilitada no Sul de Angola. Tenho feito de tudo, desde motorista a guarda costas, secretário, conselheiro gastronómico, engenheiro, tradutor. Tem sido cansativo, pois esta é uma daquelas missões em que há muito para fazer em pouco tempo. Sem dúvida que tenho aprendido imenso e ainda por cima o facto de toda a equipa ser muito simpática e interessante torna todos os momentos muito agradáveis.

Cá por Luanda, estamos em pleno Cacimbo, o que implica um corte substancial nos dias de praia e na utilização de T-Shirts à noite. O fresquinho (sim, porque não é frio), já chegou.

Beijinhos e abraços e até breve.
Pedro