sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Portugal em Angola

Foi ontem, ao fim do dia, com uma Super Bock na mão a ver o jogo do Sporting na TPA Televisão Pública Angolana), depois de ter jantado frango com batatas no forno, com um grupo de amigos portugueses, que o tema me surgiu. Voçês não se imaginam a influência que Portugal tem neste país. Só para exemplificar:

- Os três clubes preferidos dos angolanos são nada mais nada menos que o Benfica, Sporting e Porto. Só depois vêm os clubes angolanos;

- É mais difícil num bar conseguir uma Cuca ou Eka (cervejas angolanas) que uma Super Bock ou uma Sagres;

- A revista "socialite" é a Caras em que só nas páginas centrais há entrevistas com as "tias" angolanas, fora isso são os mesmos mexericos e caras cadavéricas que em Portugal;

- Já por várias vezes passaram por mim candongueiros (Carrinhas Toyota Hiace transformadas em taxi barato), com música dos "Anjos" aos altos berros;

- Passenado por Luanda só se vêm edificios a ser construidos, em que o empreiteiro, com enormes placas se identifica como sendo: Mota-Engil, Soares da Costa, Teixeira Duarte, Somague;

- Portugal é o principal exportador de produtos para Angola;

- Apesar de começarem a brotar seitas e variantes do cristianismo, grande parte da população é católica cristã.

É impressonante estar tão longe de Portugal, em África, e poder falar português com as pessoas que nos rodeiam. No entanto, uma coisa é deixar uma língua, outra é intrusar-se no dia-a-dia de um povo. Apesar das culturas tribais e indígenas, conseguimos incutir imensas características neste povo. Mais de quinhetos anos de colonização deixaram marcas neste país, e só estando cá é que é possivel compreender a magnitude.

Estando cá, também me apercebo das influências Angolanas em Portugal, mais notóriamente na língua. O "ya", "bué" são palavras usadas aqui por mães e ministros e não apenas pelos "street-dreads". A múscia africana, apreciada por muitos portugueses vem também em grande parte daqui. A isto, gosto de chamar "retro-colonização".

Por vezes penso que é um pena terem perdido alguma da sua cultura milenar, mas sem dúvida que nós "temos a ver com isto" e "eles têm a ver connosco".

Beijinhos e abraços.
Pedro